A estrada é longa, larga, poeirenta. As formas da berma perdem-se algures numa neblina cinzenta na incerteza do horizonte. A paisagem vai mudando enquanto sigo viagem, ultimamente tem sido árida, vegetação de arbustos secos, espinhos, galhos de relva amarela dispersos pelo largo manto de terra seca e dura que pinta o resto da paisagem. De vez em quando, uma árvore, seca também.
É fim de tarde, os raios solares perderam o seu fulgor e lentamente o calor vai esvanecendo, ao longe as conturas incertas do dia tornam-se em vultos, sombras, tudo o que parecia preceptivel durante a tarde começa a tornar-se em objectos estranhos, ameaçadores, desconhecidos....
Leves rajadas de vento varrem a poeira da estrada, aqui e ali uma folha seca dança, bêbeda de solidão, sobrevoando o asfalto negro e quente.
Cansado, resolvi fazer uma pausa, sentar-me na berma olhar o silencio que me rodeava, ganhar coragem para continuar esta viagem de rumo incerto, de destino desconhecido.
Cheguei a pensar ouvir um ruído, algo como um pássaro a cantar, uma alma que me acompanhasse neste momento, nada... ...era apenas o vento. O vento que levara tudo, varre com tudo que se me aproxima, foge com tudo o que me pudesse distrair de mim.
Estou só, novamente, passara algum tempo desde a ultima vez que fizera uma pausa, hoje precisava de fôlego, de respirar, reinventar esperança, ganhar fé.
Algures suspenso no nada, a vida hoje sabe-me a pouco, as memórias que trago guardadas na minha algibeira, saboreio-as amargamente. Isto tudo sabe-me a pouco, custou tanto chegar aqui para reconhecer que mais valia não ter partido, todo este cansaço....em vão.
Apetece-me fugir, para onde? Não sei... a estrada é sempre a direito e o que ficou para trás fechou-se sobre mim...não tenho alternativa, continuar em frente, atormentado pela incerteza do que a estrada vazia do destino me reserva... por hoje desisto, monto o meu lar na berma à espera que amanhã faça melhor tempo, que me traga corágem para retomar este vaguear á procura de algo que não se me esboça, algo que desconheço.
Ando por aqui porque me colocaram cá, á procura de uma razão de continuar em frente, talvez seja o desejo de encontrar uma resposta que me carrega, sem rumo sem razão sem alternativa....
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
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