segunda-feira, 27 de outubro de 2008

27.10.08

acordei estendido nesta cama
na escuridão negra deste quarto
não me atrevo levantar
o meu corpo pesa toneladas
sinto a gravidade a triplicar em cada centímetro da minha existência

não me apetece mexer
ouço a chuva incessante lá fora
pressinto o dilúvio
não o vou enfrentar
não o quero enfrentar

falta-me a força
para fugir deste buraco negro em que caí
ausencia de vontade
sem folego
para respirar

talvez ficando aqui deitado,
caladinho,
quieto
muito pequeno
inerte
talvez o mundo lá fora desapareça,
talvez tudo passe

talvez...

e o silêncio é total,
já nem a chuva me assusta
invoco as ossadas que me rodeiam
podiam ter sido pessoas,
mortos que a minha vida levou

lembro-me saudosamente de cada uma delas...
e hoje tenho que me desprender.
sei que tenho.

ter precebido
que a solidão é a base de tudo
e que é a partir dela que tenho que saír e conquistar o mundo

daria esse mesmo mundo para ter alguém ao meu lado hoje,
mas não é por aí o meu caminho...
não é por aí... não desta vez.

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