Refugio-me na escrita,
nas arcadas do meu coracao
na paz da minha solidao.
sei que só nela posso confiar
nesta vida de enganos,
neste fardo imprevisível,
é ela quem me acompanha,
que me ampara, quem me agarra,
me conforta
vida fora me transporta.
fujo das marcas que a vida deixa.
duras. injustas. cruas.
refugio-me aqui.
na escuridao tumular deste quarto,
negro, invisível para o mundo
sem ninguém ver, sem ninguém reparar.
no púrpura amarelado das folhas caídas,
nos ouricos das castanhas que estalam a meus pés,
ao sabor do abandono a que este jardim me votou
no ribombar das ondas, nos rochedos,
na espuma salgada que me salpica o rosto
no temporal desconcertante que me dardeja a alma.
na ternura lunar das ruas desertas,
na escuridao perfeita dos passeios vazios de gente,
na luz morna dos candeeiros despidos.
no meu vaguear saudoso e incerto,
pelas entranhas aladas desta cidade crepuscular
lutando contra esta melancolia que teima em me assombrar
é aqui que o meu ser me inunda e me preenche,
transbordado em sintonia,
aprendo a aceitar o que a vida me faz,
as voltas que o meu coracao dá,
as amarguras que ele me traz.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
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